A Autarquia Municipal de Trânsito (Autran) está realizando em parceria com as escolas o projeto de noções de trânsito, com a participação de agentes dentro de sala de aula, conversando diretamente com os alunos. O objetivo desse trabalho é conscientizar os futuros motoristas para que em longo prazo se tenha uma postura diferenciada dos condutores quanto ao respeito às normas e sinalizações existentes, e ainda uma cobrança por parte das crianças para que os pais se posicionem como exemplo no trânsito.
A iniciativa surgiu da conclusão de que a educação no trânsito é um assunto que deve envolver também as crianças, o que permite um aprendizado mais efetivo. Com isso, desde março a Autarquia vem desenvolvendo esse projeto e agora começa a colocá-lo em prática, com o estabelecimento de como o trabalho seria realizado, por se tratar de um público alvo muito especial. O trabalho tem sido desenvolvido por dois agentes da Autran, com experiência para lidar com crianças, juntamente com os professores.
Para o superintendente da Autran, coronel Celso Novaes, mesmo tendo sido feito de uma maneira mais empírica esse ano, o projeto tem funcionado muito bem, e para 2011 a ideia é manter esse trabalho com auxílio de materiais desenvolvidos especialmente para serem entregues nas escolas. “Eu acho que a inclusão das matérias direito e trânsito nas escolas deveria ser obrigatória, as pessoas tem que saber seus direitos, no mínimo o do consumidor, e trânsito hoje é um assunto complexo, pois está matando mais do que qualquer guerra” – afirma Celso Novaes.
Até o momento já foram visitadas treze escolas, das redes municipal e particular, sendo que o projeto é desenvolvido com várias turmas, envolvendo alunos do primeiro ao nono ano. Para receber a visita dos agentes a escola deve solicitar através da Autarquia. “Esse projeto não tem prazo para acabar, a Autran está à disposição da sociedade dos interesses das escolas, que querendo participar é só requerer. A ideia é muito bem colocada, porque essas crianças aprendem e em casa e passam a ser fiscais” – ressalta o superintendente.
De acordo com a agente Adriana Silva, que realiza esse trabalho nas escolas, a metodologia utilizada varia conforme a idade das crianças, para permitir uma melhor assimilação das informações transmitidas. Com crianças até sete anos o trabalho é feito com a utilização de um sinal de trânsito em miniatura, desenhando faixa de pedestres, com desenvolvimento de atividades de simulação do transito e com utilização de velocípedes.
Primeiro é realizada a parte informativa, buscando saber das crianças o conhecimento que eles têm sobre o trânsito, com isso os agentes orientam os alunos sobre o funcionamento do sinal e o significado de cada cor, como atravessar a rua e como andar nos carros e motos. Principalmente destacando que crianças menores de sete anos não podem andar de moto e que somente com mais de dez anos pode-se andar no banco da frente.
O trabalho também é muito focado nos pais, estabelecendo o compromisso com as crianças de que elas contem em casa o que aprenderam e cobrarem atitudes corretas dos responsáveis quando estão no trânsito. “Eu falo com as crianças que tenho um segredo, mas que eles só podem contar para os pais, e eles ficam doidos para saber. E eles são muito sinceros, quando pergunto quem usa cinto quase ninguém levanta a mão, quando pergunto quem anda no banco da frente a maioria responde que anda” – diz Adriana.
Já com os alunos maiores os agentes utilizam vídeos e trabalham mais a questão das leis de trânsito, isso, segundo Adriana, porque as perguntas são diferenciadas e para prender a atenção de adolescentes é necessária uma ilustração mais real do que está sendo falado. Além disso, a Autran convida também alguns jovens, vítimas de acidente de trânsito para prestarem depoimentos sobre a experiência vivida. “Você ouvir falar é uma coisa, mas quando você leva alguém e ilustra o que pode acontecer quando se é imprudente no trânsito, é outra, o impacto é maior”.
Segundo Adriana a resposta está sendo bem positiva, já tendo pais que ligaram para a Autarquia para comentar sobre a mudança no comportamento dos filhos em razão do que foi ensinado, o que para ela é muito gratificante. “Com as crianças fazendo essa dinâmica com os adultos ele passa a ter um posicionamento diferente no trânsito, porque fica com vergonha de ser chamado atenção, já que eles têm que servir de exemplo” – destaca a agente.
Por: Paula Valviesse
Fonte: Nova Imprensa
